terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Sou como um funâmbulo

Há momentos em que me sinto como se eu fosse um funâmbulo. Sabe, aqueles acrobatas que andam por cima das cordas em busca do equilíbrio perfeito. Há situações em que me encontro tão sem saída ou hesitante que pareço estar na ponta de um alto prédio, e de onde estou posso ver uma corda estendida à outra ponta, levando a outro prédio. A altura é absurda, o medo é maior e as forças se esvaem, simples assim. Falta coragem e falta motivação. E quando a situação é pior — sim, sempre dá para piorar — no prédio em que estou, quando olho para trás, vejo um tigre. Um tigre grande e robusto, rosnando para mim como se eu fosse a melhor refeição que ele já encontrou em sua vida. E o que fazer em situações assim? Como seguir em frente se parece já não haver mais saída?  Arriscar é a resposta. São com as quedas que se alcança a vitória. É tentando que se consegue. É tudo ou nada. É andar por uma corda bamba. Mas não há funâmbulo que nunca tenha caído para depois tentar novamente até conseguir.

Eu sou como um funâmbulo, se eu não tentar eu nunca vou conseguir.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

É carnaval

As ruas estão enfeitadas com alegria, chegou a época de sair de casa e abrir os braços para a diversão. A noite está mais agitada com a música que toca. Aos poucos a multidão vai se aglomerando nos parques para esquecer os problemas de suas vidas. Chegou a hora de sambar. Venha comigo, amor, quando tudo isso acabar você poderá ir a sua casa e tirar a sua máscara.
Não se preocupe em me dizer o seu nome. 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Fiz-me poeta

Fiz-me poeta

De olhos fechados consigo sentir,
Da melhor maneira possível.
O inexplicável ou sem sentido,
À flor da pele, explosivo!

"Poetas não amam, ou não sabem fazê-lo".
Bobagem, amar não segue um protocolo.
Olhe bem, até mesmo um bêbado
Sabe pedir ou oferecer o seu colo.

Há tantas coisas e tantos caminhos,
Mas é tão difícil encontrar um só lugar...
É como um estranho em busca do seu ninho,
Escondendo a dor de seu breve respirar.

Não sei de tudo, e nem hei de saber.
Não quero ser a dona da verdade.
Isso nem existe, mas pode parecer.
Eu só ando em busca de liberdade.

As palavras gritam em meu caderno,
E giram em minha mente, desconexas.
O que elas dizem torna-se eterno,
Mostrando-se ou não complexas.

Procuro, procuro, mas procuro em círculos.
A confusão me enche e me afeta.
Parecem beber veneno líquido,
Enquanto me escutam dizer: fiz-me poeta.

Abstrato

Abstrato

É tudo. É nada. Ou um pouco de cada. É dia, mas quem sabe talvez seja noite. É tarde, ou talvez cedo demais. É ótimo. Não, pode ser muito ruim. Sou eu. É você. Nós dois juntos. Ou não. É longe, ou perto demais. Foi ontem, ou será o hoje? É o destino. São apenas atitudes. Talvez não sejam atitudes. Palavras ao vento. Silêncio. É maldade, ou bondade. É certo. É errado. É certo e errado. Ou não há de ser nenhum dos dois. É quente. Não, é frio. É quente com o gelo. Frio como o fogo. Isso existe? Ou não? O que existe ou deixa de existir? É ponto final. É início. É meio. Não tem história. É vírgula. Não, esqueça a pontuação. É belo. É ridículo. É absurdo, questionável. É. É. É. Acho que não é. O que é ser? É imaginação. São mentiras. No que acreditar? São eles. Somos nós. Não, não. É calmo. Não, é avassalador. É sentimento. Ou não, pode ser mentira. É tristeza. Não, é felicidade. O que é o que é? O que não é do que já dizem ser? O que deixou de ser? É tempo. Ah!, é perca de tempo. Sou hoje. Fui ontem. Serei amanhã. Ou fui amanhã e serei ontem. Ou não sou. Eu acredito. Talvez não devesse acreditar. Eu desacredito. No que devo me basear? É certeza. Não, é incerteza. Eu amo. Quem sabe me engano. É vida. É morte. É vida após a morte. É a morte antes da vida. É velho. É novo. É velho e novo. É agora mas já foi antes. Será mesmo já sendo. É concreto. Agora é abstrato. Já foi abstrato e virou concreto. De tão concreto tornou-se abstrato. É utopia. Não, eu posso chegar lá. Eu não posso chegar lá, eu já estou lá. Na verdade estou aqui. Que antes foi lá. Agora estou cá e acolá. Não pode. Claro que pode! É razão. É coração. É não sendo. É sendo, mas não o é.

Platéia

Platéia

A dor entorpece o ser,
Nada dura para sempre.
Ai, que pobre homem!, vê?
Sequer consegue seguir em frente.

"É o fim", repete para si mesmo.
Ao seu redor ninguém escuta.
Resta escrever, quem sabe um texto,
Mostrando a morte como uma solução não-estúpida.

Os motivos são íntimos, pessoais,
Mas quer mostrar que está sofrendo.
O que é isso? Anseia por paz?
É por isso que o vejo correndo?

Não adianta tentar chamar atenção,
Veja, fecharam-se as cortinas, que dó!
A dor compartilhada não foi não.
Pois era platéia composta de um homem só.

domingo, 6 de julho de 2014

Tarde de Abril

Tarde de Abril

Era dia.
Você e eu,
Em sintonia,
Como Julieta e Romeu.

Estava perto,
O seu cheiro impregnado.
Os nossos corpos cobertos.
Por beijos calados.

Estava à sua frente,
O mais bonito horizonte.
E foi então, de repente,
Que percebemos aquele monte.

Segurou a minha mão,
Não havia como parar.
Qualquer tentativa seria em vão,
De no monte não topar.

O barco agitado,
O toque duro e frio.
Sem palavras, sem ditados.
Nossa última tarde de abril.

As palavras não proferidas,
O calor esvaindo-se do seu corpo.
Em em meu coração estavam contidas,
As memórias de um pulsar morto.

sábado, 31 de maio de 2014

O que realmente importa

O que realmente importa 

O que importa para uma criança é ter o seu brinquedo favorito ou até mesmo ficar o dia correndo de um lado para o outro com seus amigos. Para o adolescente é estar ligado nas novidades e ser aceito pela sociedade. Para o idoso é olhar para o lado e ver seu parceiro e ver a família que construiu crescendo. Para o cachorro é ver o seu dono chegar após um dia de trabalho. Para o vaidoso é ouvir elogios dos demais. Para o rico é ter mais dinheiro ainda. Para o pobre é ganhar apenas um pedaço de pão. Para o jogador de futebol é mais uma partida vencida. Para o professor é ter o seu trabalho reconhecido. Para a mãe é ver o sucesso de seu filho. Para o poeta é escrever. Para o amor é apenas amar. Para o músico é ter suas canções sendo tocadas nas rádios. Para o bebê é ser amamentado pela mãe. Para o pai é ver o sorriso de seus filhos. Para o tímido é conseguir falar. Para o depressivo é ter os seus problemas resolvidos. Para os olhos é poder enxergar. Para o coração é poder pulsar. Para a mão é poder segurar. Para o ombro é poder apoiar. Para a boca é poder falar. Para o pé é poder caminhar. Para o dedo é poder tocar. Para o mar é poder banhar. Para o sol é poder iluminar. Para o vento é poder refrescar. Para a água é poder dar de beber. Para o amigo é ter confiança. Para o médico é poder salvar. Para o arquiteto é poder projetar. Para o gari é poder limpar. Para o matemático é poder calcular. Para a fé é poder acreditar. Para o cheiro é poder perfumar. Para a terra é poder dar o que plantar. Para a chuva é poder lavar. Para o silêncio é poder calar. Para o rei é poder reinar. Para o preso é poder ser solto. Para a liberdade é poder libertar. Para o tempo é poder fazer esperar. Para os dentes é poder sorrir. Para o importante é simplesmente dar importância. E para nós é aproveitar, afinal, cada um de nós sabe o que realmente nos importa.